A GLÓRIA DA Babilônia permanece. Através das idades, sua reputação chega até nós como a mais rica das cidades, e seus tesouros, como fabulosos.
Mas nem sempre tinha sido assim. As riquezas da Babilônia foram o resultado da sabedoria de seu povo. Eles primeiro tiveram que aprender a se tornarem prósperos.
Quando o bom Rei Sargon voltou à Babilônia, depois de ter derrotado seus inimigos, os elamitas, viu-se confrontado com uma séria situação. O chanceler real explicou-lhe o que estava se passando:
— Depois de muitos anos da grande prosperidade trazida a nosso povo, porque Sua Majestade mandou construir os grandes canais de irrigação e os suntuosos templos para nossos deuses, agora que tais obras se acham prontas o povo parece incapaz de garantir sua própria sobrevivência.
“Os trabalhadores estão desempregados. Os comerciantes contam com poucos fregueses. Os fazendeiros não conseguem vender suas colheitas. O povo em geral não tem dinheiro para comprar comida.”
— Mas onde foi parar todo o ouro que gastei nessas benfeitorias? — perguntou o rei.
— Temo que se encontre no bolso — respondeu o chanceler — de alguns poucos homens ricos de nossa cidade. Escorreu pelos dedos da maioria das pessoas tão rapidamente quanto o leite das cabras pelo coador. Agora que o fluxo de ouro cessou, o grosso da população não tem nada para apresentar dos seus ganhos.
O rei ficou pensativo por algum momento, depois perguntou:
— Por que deveriam tão poucos homens serem capazes de adquirir todo o ouro?
— Porque sabem como fazê-lo — replicou o chanceler. — Não se pode condenar um homem por ter sabido atrair o êxito. Tampouco se pode com justiça tirar de um homem que construiu honestamente sua fortuna para dividir com outros que não tiveram tal capacidade.
— Mas por que — insistiu o rei — não deveria todo o povo aprender a acumular riqueza e, conseqüentemente, tornar a si mesmo rico e próspero?
— Até que seria possível, majestade. Mas quem pode ensinar-lhes? Certamente não os sacerdotes, já que nada conhecem a respeito de ganhar dinheiro.
— Quem, chanceler, em nossa cidade é o mais bem preparado nessas questões de fazer fortuna? — inquiriu o rei.
— Eis uma pergunta que já traz embutida a própria resposta, majestade. Quem acumulou a maior riqueza em toda a Babilônia?
— Muito bem dito, chanceler. Trata-se de Arkad. Ele é o homem mais rico da Babilónia. Traga-o até o palácio amanhã cedo.
No dia seguinte, como o rei havia determinado, Arkad apresentou-se diante dele lépido e fagueiro, a despeito de seus setenta anos de idade.
— Arkad — disse o rei —, é verdade que você é o homem mais rico da Babilónia?
— É o que se costuma dizer, majestade, sem que ninguém tenha aparecido para contestá-lo.
— Como se tornou tão rico? — Aproveitando as oportunidades disponíveis a todos os cidadãos de nossa boa cidade.
— Mas naturalmente começou com alguma coisa…
— Somente com o desejo de ser rico. Além disso, mais nada.
— Arkad — continuou o rei —, nossa cidade encontra-se numa péssima situação, porque alguns poucos sabem como ganhar dinheiro e, conseqüentemente, monopolizam-no, enquanto a massa dos cidadãos não sabe guardar uma parte sequer do que recebem.
“É meu desejo que a Babilónia seja a cidade mais rica do mundo. Precisa portanto ser uma cidade de muitos homens ricos. Assim, temos de ensinar a todas as pessoas como adquirir riqueza. Diga-me, Arkad, existe algum segredo para isso? Trata-se de algo que possa ser ensinado?”
— Naturalmente, majestade. Tudo o que um homem conhece pode ser ensinado a outros. Os olhos do rei brilharam.
— Arkad, você acaba de pronunciaras palavras que eu queria ouvir. E se você mesmo se incumbisse dessa nobre causa? Não gostaria de formar com seus conhecimentos uma escola de professores, cada um dos quais educaria outros até que tivéssemos um quadro amplo o bastante para levar essas verdades a todos os súditos honestos de meu reino?
Arkad inclinou-se e disse:
— Sou um humilde servo a suas ordens. Darei de bom grado todo o conhecimento que possuo pelo aperfeiçoamento de meus semelhantes e pela glória de meu rei. Faça com que seu bom chanceler me arrume uma turma de cem homens e lhes ensinarei essas sete soluções que acabaram por resolver todas as minhas questões de dinheiro, quando, talvez, no início, não houvesse em toda a Babilônia um cidadão mais atrapalhado do que eu.
Duas semanas depois, de acordo com as ordens do rei, os cem escolhidos reuniram-se no grande saguão do Templo do Saber, sentados em semicírculo, formando fileiras multicoloridas. À frente deles achava-se Arkad, ocupando um tamborete acima do qual ardia um candeeiro sagrado, origem do forte e agradável aroma que se espalhava pela sala.
— Veja, o cidadão mais rico da Babilónia — murmurou um estudante, cutucando um vizinho quando Arkad se levantou. — Não passa de um homem como qualquer um de nós.
— Como um respeitoso súdito de nosso grande rei — começou Arkad —, encontro-me diante de vocês a serviço dele. Considerando que alguma vez fui um pobre jovem que alimentava o forte desejo de adquirir ouro e que, nessa busca, acumulou conhecimentos que o capacitaram a isso, ele determinou que eu viesse até aqui para transmitir a vocês tudo que aprendi.
“Comecei minha fortuna de modo bastante humilde. Não tinha maior vantagem do que aquela de que todos vocês e qualquer outro cidadão da Babilônia dispõem.
“O primeiro depósito de meu tesouro foi uma bolsa já gasta pelo uso. Eu detestava vê-la imprestavelmente vazia. Queria que estivesse gorda e repleta, tilintando ao som do ouro. Por isso, busquei todos os remédios possíveis para conseguir uma bolsa cheia. Achei sete.
“Assim, explicarei aos que se acham reunidos nesta sala as sete soluções para a falta de dinheiro, que recomendo a todos aqueles que anseiam por bastante ouro. Consagrarei cada um dos dias da semana a um desses remédios.
“Ouçam atentamente tudo quanto lhes disser. Debatam o assunto comigo. Discutam-no entre vocês mesmos. Aprendam meticulosamente estas lições, para que também possam plantar em suas próprias bolsas a semente da riqueza. Primeiro cada um de vocês deverá sabiamente construir a própria fortuna. Quando tiverem acumulado competência suficiente para isso, estarão aptos a passar adiante tais verdades.
“Ensinar-lhes-ei meios simples para engordar a própria bolsa. Este é o primeiro degrau que conduz ao templo da riqueza, aonde ninguém pode chegar se não tiver condições de pôr fir-memente os pés nesse primeiro degrau.
“Consideremos agora a primeira solução.”
A PRIMEIRA SOLUÇÃO
Comece a fazer seu dinheiro crescer
Arkad dirigiu-se a um homem pensativo na segunda fila.
— Meu bom amigo, qual é o seu ofício?
— Sou um escriba — respondeu o homem—e gravo registros sobre tabuinhas de argila.
— A profissão em que eu mesmo ganhei minhas primeiras moedas de cobre. Conseqüentemente, você tem a mesma oportunidade para construir uma fortuna.
Descobriu em seguida um participante de rosto corado, um pouco mais atrás.
— Conte-nos, por favor, o que faz para ganhar seu pão.
— Sou um açougueiro — respondeu ele. — Compro cabras a seus criadores, abato-as, vendo a carne para as donas de casa e o couro para os fazedores de sandálias.
— Uma vez que trabalha e ganha regularmente o seu dinheiro, você tem as mesmas condições que tive de ser bem-sucedido.
E assim procedeu Arkad com todos os presentes, a fim de saber de que modo cada um deles conseguia o próprio sustento. Terminada a inquirição, disse:
— Assim, caros discípulos, podemos ver que existem muitos negócios e ocupações cujo exercício confere às pessoas a oportunidade de obter seus ganhos. Cada uma dessas maneiras de remuneração é uma torrente de ouro da qual o trabalhador pode desviar uma porção para sua própria reserva. Assim, na bolsa de cada um de vocês há um fluxo maior ou menor de moedas, de acordo com a capacidade de cada qual. Concordam com isso?
Todos concordaram.
— Portanto — continuou Arkad —, se cada um de vocês quiser construir uma fortuna, não será uma atitude inteligente começar usando essa fonte de riqueza que a pessoa já consolidou? A concordância foi ainda geral.
O homem mais rico da Babilónia voltou-se então para um homem humilde que tinha afirmado ser um vendedor de ovos.
— Se você separar um de seus cestos e nele colocar toda manhã dez ovos, daí tirando toda noite nove ovos, o que acontecerá finalmente?
— Com o tempo ele transbordará.
— Por quê?
— Porque a cada dia coloco ali sempre mais um ovo do que a quantidade que eu tiro.
Arkad voltou-se para a turma, sorrindo.
— Todos os homens por aqui se acham em dificuldades financeiras?
Primeiro os participantes ficaram olhando. Depois riram. Finalmente agitaram, divertidos, os pequenos bornais onde costumavam carregar suas moedas.
— Muito bem — continuou ele —, agora vou comunicar-lhes o primeiro remédio que aprendi para solucionar o problema da falta de dinheiro. Façam exatamente como sugeri ao vendedor de ovos. Para cada dez moedas que colocarem em suas bolsas, não retirem para uso próprio mais do que nove. A bolsa começará a ficar estufada, e seu peso cada vez maior será uma fonte de prazer para as suas mãos e uma fonte de bem-estar para as almas.
“Não zombem do que eu digo por causa de sua simplicidade. A verdade é sempre simples. Disse que lhes contaria como construí minha fortuna. Foi esse o meu começo. Eu andava invariavelmente quebrado e detestava isso porque não podia satisfazer meus desejos. Mas, desde que comecei a retirar de minha bolsa não mais de nove cotas das dez que ali depositava, ela começou a engordar. O mesmo acontecerá com vocês.
“Agora lhes falarei de uma estranha verdade cuja razão desconheço. Quando deixei de desembolsar mais do que nove décimos de meus ganhos, iniciei minha carreira de êxitos. Não fiquei mais desprevenido do que antes. Ao contrário, as moedas começaram a aparecer com maior freqüência. Certamente é uma lei dos deuses que, para aquele que poupa e não gasta uma determinada parte de seus ganhos, o dinheiro virá mais facilmente. De modo curioso, ele costuma evitar aquele cuja bolsa se mantém sistematicamente vazia.
“Qual pode ser o maior anseio de vocês? A satisfação dos desejos de cada dia, uma jóia, um adorno, melhores roupas, mais comida? Coisas que rapidamente se vão e são esquecidas? Ou, pelo contrário, sonhariam com bens mais estáveis — ouro, terras, rebanhos, mercadorias —, investimentos que trazem bons lucros? As moedas que vocês usam no dia-a-dia concedem aqueles primeiros desejos. As que vocês guardam, os segundos.
“Esta, meus discípulos, foi a primeira solução que descobri para a minha falta de dinheiro: ‘Em cada dez moedas conseguidas de qualquer fonte, não gastem mais do que nove.’ Debatam o assunto entre vocês. Se alguém puder provar que isso não é verdade, conversaremos a respeito amanhã quando estivermos juntos de novo.”
A SEGUNDA SOLUÇÃO
Controlem seus gastos
No segundo dia, Arkad dirigiu-se à assembléia nos seguintes termos:
— Alguns dos participantes, meus discípulos, fizeram-me a seguinte pergunta: “Como pode um cidadão guardar um décimo de todos os seus ganhos, se em geral seus vencimentos mal dão para as despesas necessárias?” Pois bem, ontem quantos de vocês achavam-se com pouco dinheiro?
— Todos nós — respondeu a turma.
— Entretanto, as pessoas aqui não recebem todas a mesma coisa. Naturalmente, umas ganham mais do que outras. Algumas têm famílias maiores para sustentar. Apesar disso, todas estão igualmente desprevenidas. Gostaria portanto de lhes falar sobre uma extraordinária verdade a respeito dos homens e de seus filhos. O que costumamos chamar de “despesas necessárias” sempre crescerá para tornar-se igual a nossos rendimentos, a menos que façamos alguma coisa para inverter essa tendência.
“Não confundam despesas necessárias com desejos. Cada um de vocês, junto com suas boas famílias, tem mais desejos do que seus ganhos podem satisfazer. Conseqüentemente, tudo quanto recebem é despendido para aplacar tais desejos à medida que eles surgem. E ainda assim restam muitos outros que não chegam a ser saciados.
“Na verdade, todos os homens têm mais desejos do que podem satisfazer. Acham que posso cumprir todos os meus sonhos porque sou rico? Trata-se de uma falsa idéia. Há limites para o meu tempo. Há limites para a minha energia. Há limites para a extensão de minhas viagens. Há limites para o que consumo à mesa de refeições. Há limites para os prazeres de minha vida.
“Garanto-lhes que, do mesmo modo como as ervas daninhas crescem num campo onde o fazendeiro deixa espaço para suas raízes, assim também os desejos crescem livremente no coração do homem capaz de saciá-los. Os desejos são uma multidão, mas aqueles que cada um de vocês pode satisfazer reduzem-se a um punhado.
“Examinem cuidadosamente seu modo habitual de viver. Tenho absoluta certeza de que se defrontarão com alguns gastos que podem ser tranqüilamente reduzidos ou eliminados. Acatem como uma verdadeira divisa a noção de reservar um por cento do valor estimado sobre cada moeda que sai.
“Portanto, gravem na argila cada uma das coisas passíveis de despesa. Selecionem as necessárias, além de outras cujo custo não ultrapasse nove décimos de seus rendimentos. Cancelem o resto e considerem-no apenas como uma parte dessa grande multidão de desejos que não podem ser satisfeitos. Não sintam remorsos por isso.
“Façam um orçamento para as despesas imprescindíveis. Não toquem naquele décimo que está engordando sua bolsa. Encarem o crescimento de suas economias como um belo propósito de vida. Procurem trabalhar com o orçamento estabelecido, procurem ajustá-lo de modo que funcione em seu favor. Busquem torná-lo um colaborador na defesa de suas crescentes reservas.”
Nesse momento um dos estudantes, usando uma roupa vermelha e dourada, levantou-se e disse:
— Sou um homem livre. Acredito ser meu direito gozar das boas coisas da vida. Por isso, rebelo-me contra a submissão a um orçamento que determina exatamente quanto devo gastar e em quê. Acho que isso eliminaria muitos prazeres de minha vida, tornando-me não muito melhor que um burro de carga.
— Quem, meu amigo — replicou Arkad —, determinaria o seu orçamento?
— Eu mesmo o faria — respondeu o homem que protestava.
— Se um burro de carga fizesse seu próprio orçamento, teria incluído nele jóias, mantos e pesadas barras de ouro? Claro que não. Ele não precisaria senão de feno, grãos e um saco de água para atravessar o deserto.
“O propósito de um orçamento é ajudá-los a juntar dinheiro. Uma maneira de garantir que vocês consigam o necessário e, na medida em que se mostrem acessíveis, seus outros desejos. É capacitá-los a perceber seus mais profundos anseios, defendendo-os contra aquisições meramente casuais. Como uma luz brilhando numa caverna escura, o orçamento deixa a descoberto os vazamentos em suas bolsas, dando-lhes condições de estancá-los e destinar as despesas a propósitos definidos e gratificantes.
“Esta é, portanto, a segunda solução para a falta de dinheiro. Façam o orçamento de suas despesas de modo que possam ter dinheiro para pagar pelo que é necessário, pelos prazeres e para satisfazer seus mais valiosos desejos sem despender mais do que nove décimos de seus ganhos.”
A TERCEIRA SOLUÇÃO
Multipliquem seus rendimentos
Assim dirigiu-se Arkad aos alunos no terceiro dia:
— Vejam como o dinheiro está começando a entrar. Vocês se disciplinaram para reservar um décimo de todos os seus ganhos. Controlaram as despesas para proteger o tesouro crescente. Devemos agora considerar os meios para pôr esse tesouro para trabalhar e crescer. Ter dinheiro guardado é gratificante e pode alegrar uma alma avarenta, mas isso não leva a nada. A quantia que podemos separar de nossas diversas fontes de remuneração não passa de um começo. Seus ganhos, sim, é que construirão nossas fortunas.
“Como podemos pôr nosso dinheiro para trabalhar? Meu primeiro investimento foi uma desgraça, pois perdi tudo. Mais tarde lhes contarei essa história. Meu primeiro investimento lucrativo foi um empréstimo que concedi a Aggar, o fabricante de escudos. Uma vez por ano ele comprava grandes carregamentos de bronze trazidos através dos mares para serem empregados em seu negócio. Não dispondo de suficiente capital para pagar aos mercadores, era obrigado a pedir emprestado àqueles que tinham um dinheiro extra. Era um homem honrado. Pagava o empréstimo, além de uma generosa taxa, à medida que vendia os escudos.
“Sempre que atendia às suas solicitações, emprestava-lhe igualmente a renda acumulada das primeiras transações. Assim, não só meu capital cresceu, como os próprios ganhos de Aggar se tornaram maiores. Como era gratificante ter todas essas somas de volta!
“Disse-lhes, meus discípulos, que a riqueza de um homem não deve ser aquilatada pelas moedas que ele consegue juntar; ela se acha, sim, nos lucros que essa soma pode produzir, a torrente de ouro que flui continuamente para dentro de suas bolsas, conservando-as sempre bojudas. E afinal o que todo homem deseja, o que cada um dos presentes deseja — uma renda que não cesse de crescer, estejam vocês trabalhando ou viajando.
“Adquiri uma grande renda. Tão grande que me consideram um homem extremamente rico. Meus empréstimos a Aggar foram o meu primeiro treinamento em investimento lucrativo. Ganhando em sabedoria com essa experiência, ampliei o círculo de clientes e os investimentos quando meu capital aumentou. De poucas fontes no início, de muitas outras depois, desaguou em minha bolsa uma torrente dourada de riqueza que eu podia usar como bem entendesse.
“Como vêem, a partir de meus modestos ganhos gerei uma reserva de escravos dourados, cada qual labutando para produzir mais ouro. Como trabalhavam para mim, seus filhos também o faziam, e os filhos dos filhos, até que dessa concentração de esforços surgiu uma bela renda.
“O ouro cresce rapidamente quando se fazem ganhos razoáveis, como poderão ver pelo seguinte exemplo: quando nasceu o primeiro filho de um fazendeiro, ele entregou dez moedas de prata a um emprestador de dinheiro e pediu-lhe que as fizesse render para o filho até que este completasse vinte anos de idade. O homem concordou, estabelecendo que a soma renderia juros de um quarto de seu valor a cada quatro anos. O fazendeiro então solicitou, já que se tratava de um dinheiro que tinha separado exclusivamente para o filho, que os juros fossem incorporados ao principal.
“Quando o rapaz completou vinte anos de idade, seu pai procurou novamente o emprestador de dinheiro para perguntar-lhe pela prata. O homem explicou-lhe que, como a soma tinha crescido à razão de juros compostos, as dez moedas de prata originais tinham aumentado para trinta moedas e meia.
“O fazendeiro ficou bastante satisfeito e, como seu filho ainda não precisasse do dinheiro, deixou-o com o emprestador. Quando o filho completou cinqüenta anos de idade, tendo o pai a essa altura passado para o outro mundo, o banqueiro pagou ao filho, para liquidar o compromisso, 167 moedas de prata.
“Assim, em cinqüenta anos, o investimento multiplicou-se quase setenta vezes.
“Portanto, aqui está a terceira solução para a falta de dinheiro: Pôr cada moeda para trabalhar de modo que possa reproduzir-se como algodão nos campos e trazer-lhes lucro, um rio de riqueza fluindo constantemente para dentro de suas bolsas”
A QUARTA SOLUÇÃO
Proteja seu tesouro contra a perda
Assim falou Arkad para a sua turma no quarto dia:
— O infortúnio ama uma brilhante marca. O dinheiro que o homem poupa deve ser guardado com firmeza, do contrário corre o risco de perder-se. Logo, é prudente aprendermos a manusear e proteger pequenos montantes antes que os deuses nos confiem maiores somas.
“Todo aquele que possui ouro guardado costuma ser induzido, na esperança de conseguir grandes somas, a fazer investimentos nos mais plausíveis projetos. Com bastante frequência, amigos e parentes estão avidamente interessados nisso e incentivam-no a realizá-los.
“O primeiro princípio saudável de um investimento é a segurança do capital aplicado, ou seja, o principal. É prudente cobiçar altos ganhos quando o principal corre perigo? Claro que não. O castigo pelo risco é a provável perda. Estudem cuidadosamente, antes de fazerem uso de seu tesouro, cada promessa de que ele possa ser recuperado com segurança. Não se deixem enganar pelo romântico desejo de fazer fortuna rapidamente.
“Antes de emprestá-lo a quem quer que seja, certifiquem-se da capacidade do beneficiário em devolvê-lo e de sua reputação como bom pagador, para que não estejam, inadvertidamente, fazendo um presente de algo tão arduamente conquistado.
“Antes de destiná-lo a um investimento em qualquer campo de negócios, acautelem-se contra todos os perigos possíveis.
“Meu primeiro investimento foi uma tragédia. Depositei minhas economias de todo um ano nas mãos do oleiro Azmur, que na época viajava por mares distantes e me propusera comprar junto aos fenícios em Tiro jóias da mais alta qualidade. Quando voltasse, nós as venderíamos e dividiríamos os lucros. Os fenícios comportaram-se como salafrários e venderam-lhe pedaços de vidro. Meu tesouro se perdeu. Hoje minha experiência teria me mostrado imediatamente a tolice de confiar a um oleiro a tarefa de comprar jóias.
“Por isso acho-me à vontade para aconselhar-lhes: não confiem demasiadamente em seus próprios conhecimentos, porque podem estar destinando seus tesouros a investimentos perigosos. Procurem antes de tudo a opinião em geral correta das pessoas acostumadas com negócios e lucros. Tais conselhos são dados de graça e chegam a ter um valor equivalente à soma que desejam
investir. Na verdade, um valor bem real, já que podem evitar que vocês percam o dinheiro aplicado.
“Esta é, portanto, a quarta solução para a falta de dinheiro, e de grande importância, pois previne que suas economias vão por água abaixo no momento depois de terem crescido tanto. Prote-jam seus tesouros contra a perda, investindo onde o principal esteja a salvo, onde possa ser reivindicado sempre que o desejarem e onde fique claro para vocês que vão realmente conseguir uma bela renda. Consultem homens experimentados. Sigam a opinião daqueles que lidam habitualmente com dinheiro. Deixem que o tirocínio deles proteja seus tesouros contra os investimentos de alto risco.”
A QUINTA SOLUÇÃO
Façam do lar um investimento lucrativo
No quinto dia de aula, Arkad falou assim para os alunos: — Se um homem separar nove partes dos seus ganhos para com elas viver e gozar a vida e se ainda alguma delas puder ser empregada num investimento lucrativo sem prejuízo de seu bem-estar, então seus tesouros crescerão rapidamente.
“A maioria dos babilônios mora muito mal com suas famílias. Pagam aluguéis abusivos a rigorosos proprietários em troca de aposentos onde suas mulheres não têm sequer um cantinho para plantar as flores que tanto alegram seus corações, enquanto os filhos não podem brincar senão nas passagens escuras.
“Nenhuma família pode gozar plenamente a vida a menos que tenha um pedaço de chão, onde as crianças possam brincar ao sol e onde a esposa possa plantar não somente árvores frutíferas, mas também verduras para alimentar os seus.
“Que homem não se sentiria feliz em poder comer os figos de suas próprias figueiras e as uvas de suas próprias videiras? Ter o seu próprio domicílio, com um pedaço de chão disponível para cuidar e sentir orgulho, dar confiança ao coração e maior ânimo a todos os seus esforços. Por isso, recomendo a todos os homens que tenham seu próprio teto, a fim de contar com um abrigo para si e para os seus.
“Ter o seu próprio lar não se acha além da capacidade de um homem bem-intencionado. Nosso rei não estendeu tanto as muralhas da cidade que existem atualmente muitas terras não usadas e que podem ser adquiridas por quantias bem razoáveis?
“Posso lhes assegurar, meus discípulos, que os emprestadores de dinheiro vêem com bons olhos os desejos do homem que procura um lar e um pedaço de terra para a família. Poderão conseguir facilmente o empréstimo para contratar o fabricante de tijolos e o construtor, se tiverem condições de apresentar uma parte razoável da soma necessária para tão louvável propósito”.
“Quando a casa estiver pronta, poderão pagar ao emprestador de dinheiro com a mesma regularidade com que anteriormente acertavam seus aluguéis. Como cada pagamento irá paulatina-mente reduzindo a dívida com o emprestador de dinheiro, em poucos anos não estarão devendo mais nada a ele”.
“Seus corações se sentirão então felizes, porque estarão legitimamente na posse de um bem estável e valioso, cuja única despesa serão os impostos reais”.
“Suas boas esposas irão mais freqüentemente ao rio lavar a roupa, trazendo de cada vez um saco de pele de cabra com água para regar as plantações”.
“Assim, muitas bênçãos recaem sobre o homem que tem sua própria casa. E isso reduzirá em muito suas despesas, permitindo que uma parte maior de seus ganhos possa ser destinada aos prazeres e à satisfação de seus desejos. E aí está a quinta solução para a falta de dinheiro: Tenha o seu próprio lar.”
A SEXTA SOLUÇÃO
Assegurem uma renda para o futuro
Arkad começou a sexta aula com estas palavras:
—A existência de todo homem vai da infância à velhice. Esse é o caminho da vida, e nenhum homem pode desviar-se dele a menos que os deuses o chamem prematuramente para o mundo do além. Por isso digo-lhes que cabe a todo homem providenciar uma renda condizente para os dias futuros, quando ele não for mais jovem, e providenciar que a família não fique na penúria, quando já não puder contar com ele para o seu conforto e sustento. Esta lição lhes ensinará a prover uma bela reserva para quando o próprio tempo os tiver tornado menos capazes de aprender.
“O homem que, em virtude de sua compreensão das leis da riqueza, adquire crescentes lucros acumulados deve ter o pensamento voltado para os dias futuros. Deve planejar certos investimentos ou provisão que dure com segurança por muitos anos, que estarão disponíveis quando chegar o tempo que ele tão prudentemente previu”.
“Um homem pode prover-se com segurança para o futuro de diversas maneiras. Pode buscar um esconderijo e ali enterrar o seu tesouro. Mas, por maiores que sejam os cuidados para ocultá-lo, corre o risco de tornar-se uma festa para os ladrões. Trata-se, portanto, de algo que não recomendo a ninguém.
“Pode comprar casas e terras para esse propósito. Se prudentemente escolhidas em função de sua utilidade e valor futuros, permanecerão valorizadas, com possibilidade de ótimos rendimentos e até de encontrar excelentes compradores, se for o caso de vendê-las.
“Pode confiar uma pequena soma ao emprestador de dinheiro e aumentá-la em períodos regulares. Os juros que oemprestador acrescenta ao capital logo o tornará maior. Conheço um fazedor de sandálias, chamado Ansan, que me contou um dia desses que todas as semanas, durante oito anos, confiou a seu emprestador de dinheiro duas moedas de prata. O homem fez recentemente um cálculo que deixou o fazedor de sandálias na maior felicidade. O total de seus pequenos depósitos mais os rendimentos à taxa ordinária de um quarto de seu valor a cada quatro anos atinge atualmente a soma de 1.040 moedas de prata.
“De bom grado encorajei-o a não parar de investir, demonstrando-lhe, através de meus conhecimentos dos números, que em doze anos, desde que desse seqüência a essa economia de não mais que duas moedas de prata em cada semana, o emprestador de dinheiro lhe devolveria quatro mil moedas de prata, uma soma que o deixaria tranqüilo para o restante da vida.
“Com certeza, quando um pagamento tão pequeno, feito com regularidade, produz resultados tão lucrativos, só podemos concluir que nenhum homem pode deixar de assegurar um tesouropara sua velhice e a proteção da família, não importa quão prósperos venham se mostrando seus negócios e investimentos.
“Gostaria de poder falar mais sobre isso. Em meu espírito permanece a crença de que algum dia homens de tirocínio descobrirão uma maneira de o cidadão assegurar-se contra a morte através de pequenos depósitos regulares, assim propiciando uma bela soma à família depois que tivesse de passar para o outro mundo. Vejo isso como algo desejável, digno da mais alta recomendação. Mas hoje ainda não é possível porque não haveria homem ou sócio com uma duração de vida sufi-ciente para operar tal sistema, que deve ser uma coisa tão estável como o trono do rei. Sinto que algum dia um plano como esse existirá e será uma grande bênção para muitos homens, porque mesmo o primeiro pequeno pagamento tornará disponível uma razoável fortuna para a família dos membros que viessem a falecer.
“Mas já que vivemos em nosso próprio presente e não nos dias que ainda estão porvir, devemos tirar vantagem dos meios e métodos à disposição para realizar nossos propósitos. Por isso recomendo a todos os homens que, por meios prudentes e bem pensados, se garantam contra uma reserva minguada nos anos de sua maturidade. Pois uma carência de fundos para
um homem que já não se acha em condições de ganhar dinheiro ou para uma família sem seu líder é uma dolorosa tragédia”.
“Aqui temos, portanto, a sexta solução para a falta de dinheiro. Seja previdente quanto às necessidades de sua velhice e quanto à proteção de sua família.”
A SÉTIMA SOLUÇÃO
Aumente sua capacidade para ganhar
Foram as seguintes as palavras de Arkad para sua turma no sétimo dia:
— Hoje conversarei com vocês, meus discípulos, sobre um dos mais vitais remédios para a falta de dinheiro. Mas o que me interessa hoje é menos o dinheiro do que vocês mesmos, os homens por baixo das roupas multicores que se acham sentados diantede mim. Falarei de todas essas coisas dentro da mente e da vida dos homens que trabalham a favor ou contra o sucesso de cada qual.
“Não faz muito tempo veio até mim um jovem que precisava de um empréstimo. Quando lhe perguntei por que estava necessitado de dinheiro, queixou-se de que seus ganhos eram insuficientes para custear suas despesas. Em vista disso, expliquei-lhe que, sendo esse o caso, ele era um cliente de risco para o emprestador de dinheiro, já que não lhe sobraria nada para pagar o empréstimo”.
” ‘O que você precisa, meu jovem’, disse-lhe eu, ‘é de uma remuneração maior. O que faz para aumentar sua capacidade de ganhos?’
” ‘Tudo o que posso’, respondeu ele. ‘Por seis vezes em duas luas procurei meu patrão para pedir-lhe aumento, mas sem sucesso. Ninguém insiste tanto assim.’
“Não pude deixar de sorrir diante daquela ingenuidade, mas ele possuía um dos mais vitais requisitos para aumentar seus ganhos. Dentro dele havia o enorme desejo de ganhar mais, um correto e elogiável desejo”.
“O desejo é a condição para a realização. Os desejos devem ser fortes e definidos. Desejos gerais não passam de vagas aspirações. O homem que deseja ser rico manifesta um pequeno propósito. O homem que deseja cinco moedas de ouro manifesta um propósito tangível, passível de ser buscado. Depois de ter alimentado seu desejo por cinco moedas de ouro com a força de propósito necessária, pode então procurar maneiras similares para obter dez moedas, vinte moedas, mil moedas, até que finalmente se torna rico. Depois de aprender a garantir um pequeno, mas definido, desejo terá suficiente experiência para garantir um outro de maior amplitude. Este é o processo através do qual a riqueza é acumulada: primeiro pequenas somas, depois maiores, à medida que o homem aprende e se torna mais capaz.
“Os desejos devem ser simples e definidos. Costumam malograr, porém, quando são muitos, confusos ou se acham além da capacidade de um homem realizá-los”.
“À proporção que um homem aperfeiçoa-se em seu ofício, sua capacidade para ganhar dinheiro também cresce. Naqueles velhos tempos em que eu não passava de um pobre escriba, gravando sobre tabuinhas de argila em troca de algumas poucas moedas de cobre por dia, observei que outros trabalhadores produziam mais do que eu e eram mais bem pagos. Por isso, resolvi que seria o melhor em minha profissão. Não demorei muito a descobrir a razão do grande sucesso deles. Comecei a ter mais interesse pelo trabalho, a concentrar-me mais nas tarefas, a ter mais persistência em meus esforços. Com o tempo, poucos homens podiam igualar minha produção diária. Mantendo um razoável ritmo de trabalho, minha crescente habilidade foi recompensada, e não precisei procurar por seis vezes meu patrão em busca de reconhecimento.
“Quanto mais conhecimentos adquirirmos, mais poderemos ganhar. O homem que busca aprender sempre mais sobre sua profissão será ricamente recompensado. Se for um artesão, deve informar-se sobre os métodos e ferramentas utilizados por um companheiro de maior perícia no mesmo ramo. Se trabalha com a lei ou com a assistência médica, pode consultar e trocar informações com outros da mesma atividade. Se é um comerciante, deve continuamente pesquisar boas mercadorias passíveis de serem vendidas a preços mais baixos.
“Os negócios humanos mudam e aperfeiçoam-se, porque cidadãos entusiasmados estão sempre procurando melhorar a própria habilidade a fim de servirem com mais eficiência e qualidade aqueles de que dependem. Por isso sugiro a todos os homens que se ponham na linha de frente do progresso e não fiquem parados, sendo passados para trás.
“Muitas coisas podem enriquecer a vida de um homem com vantajosas experiências. Aqui estão algumas resoluções que um homem deve tomar, se respeita a si mesmo”:
11Ele deve pagar suas dívidas com toda a pontualidade de que for capaz, não adquirindo nada que não tenha condições de saldar.
“Deve cuidar da família de modo que esta possa pensar e falar bem dele”.
“Deve fazer um testamento afim de que, caso os deuses o chamem para si, possa ser feita uma divisão adequada e honesta de todos os seus bens”.
“Deve ter compaixão pelos que sofrem ou foram atingidos pela desventura e ajudá-los na medida de suas possibilidades. Deve ter atenções para os que lhe querem bem”.
“Assim, o sétimo e último remédio para a falta de dinheiro é cultivar suas próprias aptidões, estudar e somar conhecimentos, tornar-se mais habilidoso e agir sempre respeitando a si mesmo. Dessa forma,adquirirá suficiente autoconfiança para realizar seus mais acalentados desejos”.
“São essas, portanto, as sete soluções para a falta de dinheiro, que, em função da experiência acumulada durante uma longa e bem-sucedida vida, julgo poder comunicar a todos os homens que desejam riqueza”.
“Há mais ouro na Babilônia, caros discípulos, do que pode sonhar qualquer um de vocês. Há abundância para todos”.
“Vão e pratiquem essas verdades, para que possam prosperar e enriquecer continuamente, como é de seu direito”.
“Vão e ensinem essas verdades a todos os súditos honestos do reino, para que também eles possam partilhar com liberalidade da ampla riqueza de nossa amada cidade.”
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